sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Escutas do Casa Pia - Adelino Salvado


[...] CD 17 -16 m. 3''

''A.S – Ah, com certeza, esteja à vontade… E antes que me pergunte, eu vou-lhe já dizer: a Marluce é uma grande actriz…

O.R. – Uma grande actriz?...

A.S. – Sim. Mas não me peça para lhe explicar mais nada, que você depois vê, quando essa merda (sic.) toda for aí posta a circular (risadas)...

O.R. - E por quê tantos nomes do P.S., e não de outros partidos?...

A.S. – Olhe, para ser sincero, isso teve duas etapas: a primeira foi para empurrar para a Esquerda aquele mau cheiro que se estava a espalhar com o “Caso Moderna”. Aliás, essa Morgado levou um bruto chuto no cu, e só não lhe lixo (sic.) mais a vida se não puder. Mas eu isso tinha de lhe explicar com pormenores: é que eu cá tenho a minha filosofia: um gajo, quando chega a Ministro, tem mesmo de ser bom, é ou não?... (silêncio) Porque se um gajo não fosse bom, não chegava a Ministro. Portanto, a minha filosofia é assim: quando um gajo chega a Ministro tem de deixar de ser chateado com merdunças (sic.) do estilo de desvios de fundos, jaguares e cenas assim. Portanto: primeira parte da estratégia: soprar o fumo para a Esquerda. Estava cumprida. Quanto à segunda parte, vou-lhe dizer uma coisa… (Pausa) Você garante-me que isto não está a ser gravado, não garante?...

O.R. – Dou-lhe a minha palavra de honra jornalística…

A.S. – Pronto, então, a segunda parte da estratégia foi… foi… sorteio. Atirámos para cima de um divã, onde eu costumo tirar uma soneca, aqui ao lado do gabinete, as fotos dos nomes que tinham sido falados: as que caíssem em cima da cama, seriam as primeiras; as que caíssem do lado de cá, ficavam para depois, naquele sistema do conta-gotas; as que caíssem do lado de lá, ficavam para o Dia-de-São-Nunca.

O.R. – Como consideraria o apoio externo dado ao seu trabalho?...

A.S – Numa só palavra, “excelente”. Basta dizer-lhe, como já se tornou público num conhecido semanário, que temos "o Inspector M**ta Fl***s a trabalhar “24 horas" por dia, para salvar a pele do Carlos Cruz”; que temos a mesma directora desse semanário a tentar arranjar um sósia (risadas) para o Carlos Cruz e outro para o P**lo Ped***so (risadas), que o pai dessa directora é simultaneamente pai dela e advogado de defesa dos acusados, e que a mãe da referida senhora, foi, com o devido respeito, mandatária nacional do actual Presidente da República, Jorge Sampaio, que deus tenha (risadas) Portanto, esta cena está toda apoiada e organizada até ao mais alto nível. (Pausa) Isto não está a ser gravado, pois não?...

O.R. - Dr., desculpe… já lhe respondi a essa pergunta N vezes, é claro que não está…

A.S. – Veja lá, você não me desgrace a vida…

O.R. – Esteja descansado, em Portugal, nunca ninguém desgraçou a vida às pessoas importantes. Quanto ao resto, gostaria de lhe perguntar mais algumas coisas sobre os filmes…

A.S. – Posso dizer-lhe que são todos excelentes, tudo com actores de primeiro plano (risadas), e muitas vezes filmados com material de primeiríssima qualidade, da nossa R.T.P. Aliás, há lá momentos tão bons que estamos a pensar seriamente entregá-los àquela empresa do J. Nuno Martins, “Vá do VHS ao DVD”, e digitalizar tudo. Vamos fazer legendagens e “voz-off”: já contactámos a Senhora do Dr. José Eduardo Moniz para emprestar a voz aos comentários, e as vozes dos putos vão ser dobradas pela Inês de Medeiros e pelo Lecas. É claro que isto vai sair caríssimo, mas estamos a pensar num subsídio conjunto do Ministério da Justiça, Ministério da Cultura, Câmara Municipal de Lisboa, Presidência da República, Assembleia da República, Fundação Mário Soares, Fundação do Oriente, U.N.E.S.C.O., O.C.D.E. e mecenato privado. O que a Torre do Tombo não aceitar... bom, vai directamente para os vídeo-clubes, onde supomos vir a recuperar a maior parte das “tranches”.

O.R. – Pessoalmente, pensa vir a tirar algum lucro dessa comercialização?...

A.S. – Como pode imaginar, essa é a única pergunta à qual não lhe vou responder... (risadas)

(Fim da Gravação)

Neste blogue praticam-se a Liberdade de Pensamento e Expressão próprios das Sociedades Avançadas

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