CD 456 - 11 m. 34''"
[...] S.P. – Hoje temos de ter cuidado com as conversas, porque o Cota está aqui mesmo ao lado, a trabalhar.
O.R.- (risadas) ... ok, querida, então fala do que quiseres…
S.P. – Orlando, eu ando muito assustada, isto aqui está tudo sobre escuta, sabes como é, nós cá dentro temos vários “lobbies”: os que trabalham nos processos, os que tentam dar cabo dos que trabalham nos processos, os que vivem da chantagem através dos processos e… e… eu, que ADORO mesmo isto, e passo aqui a vida ao telefone, a masturbar-me e a contar-te tudo o que sei.
O.R. – O que sabes e o que não sabes, amor (risadas)
S.P. – (risadas) Não sejas ordinário... No fundo, nós vivemos disto, se um dia me tiram isto, sei lá, acho que morro, ia sentir-me como o Carlos Cruz, no dia em que o isolaram da capoeira dos pintos…
O.R. – (risadas) Sabes que o advogado dele parece que quer pôr a filha a publicar conversas…S.P. – (pausa) Quais conversas?... Não há conversas nenhumas gravadas, excepto as escutas que eu tenho aqui, mais o teu gravador, e mais…o MEU gravador (risada)… Não sabias, pois não?... Julgavas que eras só tu que gravavas?...
O.R. – Tu também tens um gravador?... Doida… Não se pode confiar mesmo em ti…
S.P. – É que se tu alguma vez publicas alguma coisa que não seja verdade, eu faço-te a folha, querido (risada) Sou p*uta, mas não sou estúpida (risadas) (pausa)… (pausa)… (pausa)… Estás a ouvir?...
O.R. – Ouvir o quê?...
S.P. – Os ecos… Desde que falámos no Carlos Cruz que esta merda disparou…
O.R. – Qual merda?...
S.P. – As escutas, amor… isto tem palavras-chave. Hás-de reparar que se falares no Carlos Cruz, no Paulo Portas, no Albarrã, no Paulo Pedroso, no Ferro Rodrigues, no Rui Cunha, no Balsemão, nos Soares, aquele cota, do Norte, não me lembro do nome…
O.R. – Aquele baboso horrível, que foi Ministro da Defesa… o Eurico…
S.P. – Ouviste, agora?... Bastou dizeres “Eurico” e disparou mais uma escuta… Que horror, assim não se pode mesmo falar… Eu não vou dizer mais nomes, senão, isto piora, mas lembras-te daquele dos “Apitos”… sim, não digas o nome, que isto é automático, dispara OUTRA escuta, daqui a bocado, parece que estamos a falar numa oficina de bate-chapas, nunca mais nos ouvimos um ao outro. (risadas) E se falares no nome de algum clube de futebol… sim… ah, não sabias?... Bem, é um horror… Um horror...
O.R. – Mas tu sabes quem escuta quem e quem grava quem?...
S.P. – Querido, neste momento, todos temos o rabo preso (risadas) portanto, acho que andamos todos a escutar-nos e a gravar-nos uns aos outros, os da Judiciária, que estão no Processo, escutam, para investigar os da Judiciária, que escutam para destruir o Processo, e que também escutam, até o outro Cota, anterior a este, que foi Procurador-Geral e encobriu isto durante décadas de Bloco Central, apesar de estar longe, também escuta. Enfim, só que as escutas são como os porcos: há umas escutas que são mais iguais do que as outras (pausa) Olha, tou-me a cagar, vou mesmo dizer o nome outra vez… Lembras-te das fortunas que o Carlos Cruz está a pagar aos advogados, não lembras?… Isso… Isso… Astronómico… Acho que foi a Raquel que lhe disse que entre ter aquele dinheiro todo parado nos “off-shores” -- toda a gente pára nos "off-shores", desde o Alberto Jardim ao Millennium-BCP -- entre o Carlos ter o dinheiro todo parado ali e salvar a pele, mais valia... salvar a pele… Pronto, tanto quanto eu sei, o que esse fez foi “linkar” as escutas ao Échelon...
O.R. – Ao Échelon?...
S.P. – Sim, aquela coisa americana que dispara automaticamente, quando tu falas de “Bin Laden”, “terrorismo”, etc. Acho que foi a Raquel que tratou do “franchising”, ainda quando o mafioso estava dentro. Custa caríssimo, mas aquela merda agora dispara e começa a gravar, sempre que alguém disser “Carlos Cruz”, “Marluce”, “Raquel”, “Bibi”, “Oficina de Dafundo” e mais umas palavras que tenho ali escritas, se quiseres, depois mando-te por fax.
O.R. – E é esse que escuta?...
S.P. – Querido… não sejas ingénuo… TODA a gente escuta TODA a gente (risadas) estes daqui do lado, do Largo do Rato (risadas) até já os apanhei aqui à porta, com o ouvido colado à porta (risadas) Tu não vais acreditar, mas abri a porta, de repente, no outro dia, e tinha o João Soares aqui colado, como uma lapa, a tentar ouvir… Sabes o que é que eu fiz (risadas) tirei o chinelo (risadas) e dei-lhe com ele no focinho (risadas) Ias ADORAR ter visto o homem a fugir: parecia os Cem Metros Nádegas (risadas).
O.R. – E os outros?...
S.P. – Bem, o P.S.D. é mais conservador, costumam pôr um velho aqui à porta, com uma caixinha de esmolas e uma corneta acústica na orelha. Já o conheço de ginjeira, sempre que o vejo, despejo-lhe uma garrafa de água nos coornos, dispara logo a correr, a caminho da São Coitado à Lama. E os do C.D.S. não curtem putos…
O.R. – Não?... Nem o Na**** C****o?... Nem o Adriano Moreira?...
S.P. – Boatos, querido… Só caralhos grandes e já abençoados. Pretos, seguranças musculados e fuzileiros de aluguer, daqueles que gostam de vazar os colhões por 50 €, antes de irem para a Bósnia.
O.R. – Mas os putos às vezes já têm caralhos grandes…
S.P. – Tens razão, ainda vou ver melhor o Processo, para ver se descubro alguns nomes.
O.R. – Voltando às escutas...
S.P. – Olha, podes escrever aí, no “Correio da Manhã”, que há três tipos de escutas: as Autorizadas, as Proibidas, as Clandestinas, as Por-Gosto e as Viciosas (risadas)… essas últimas, são as minhas (risadas).
O.R. – E posso pôr que foram vocês que disseram?…
S.P. – Não, eu não entendo nada... Não podes pôr fontes nenhumas.
O.R.- Não posso pôr o tanas, isto é grave de mais, Sara, por amor de deus!...
S.P. – Não podes pôr, eu disse-te que não podias pôr!...
O.R.- Só agora é que me estás a dizer!…
S.P. – Não, eu já te tinha dito antes e…
O.R. – Então, como é que eu posso escrever que o Hermann tentou descredibilizar isto. Disse-me a minha tia, foi?...
S.P. – Soubeste por ele.
O.R. – Por ele?... Ele não fala connosco!... Só fala com os gajos da Judiciária, que estão permanentemente na Net, a ver se dizem alguma coisa sobre ele!...
S.P. – Ouve lá!... Azar!...Tu disseste-me “O Correio” sabe...", foi o que tu me disseste no início desta conversa.
O.R. – Posso escrever então, “Fonte do Ministério Público”?... Correcto?...
S.P. – Estás doido!?... Podes o quê?...
O.R. – “Fonte do Ministério Público, soube o Correio da Manhã”…
S.P. – Não podes pôr fonte nenhuma!...
O.R. – Então, "Fonte próxima do Processo", e toca a andar…
S.P. – Não podes, isso ainda menos!...
O.R. – Então, pronto, “soube o “Correio da Manhã”, o “Correio da Manhã” apurou junto de qualquer escuta clandestina.
S.P. – Isso, isso!... Isso podes pôr."
(fim de gravação)
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